"Honra e honestidade" são "essenciais para a atividade bancária"
O presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Fernando Faria de Oliveira, disse hoje que honra e honestidade são essenciais na atividade bancária e lamentou os três casos nos quais "faltou manifestamente uma atuação rigorosa e exigente" em Portugal.
"Infelizmente há certos valores que vão sendo esquecidos e se há atividade onde se justifica um código de honra é a atividade bancária", disse Fernando Faria de Oliveira, à margem da 1.ª conferência Educação Financeira APB, que decorre hoje em Lisboa, no âmbito da European Money Week.
O presidente da APB sublinhou que da mesma maneira que "os médicos fazem o juramento de Hipócrates, em que se comprometem a exercer a sua função com honestidade, no setor bancário isso é essencial".
"Infelizmente em Portugal, fomos atingidos nos últimos anos por três casos onde faltou manifestamente uma atuação rigorosa e exigente como deve ser", afirmou.
Fernando Faria de Oliveira frisou que o reforço que "todo o conjunto de normas éticas, de códigos de conduta e de boas práticas" é hoje uma preocupação de todo o sistema bancário e que os bancos "estão muito empenhados em separar o trigo do joio" e em mostrar que se pode ter confiança nos bancos portugueses.
"Para esse efeito há que ter muita atenção aos modelos de governo das sociedades, à forma como são eleitos os membros dos conselhos de administração, à sua idoneidade que ultrapassa a mera competência técnica e profissional e onde assegurar total honestidade no exercício das duas funções é essencial", frisou.
Sobre a formação financeira, Faria de Oliveira afirmou que os bancos têm vindo a intensificar as ações de formação daqueles que têm contacto direto com os clientes e sublinhou que, por exemplo, no caso das aplicações financeiras "há um risco envolvido e deve haver uma consciência do risco envolvido nas diferentes opções que se tomam".
"Mas para isso, os funcionários bancários têm que estar devidamente preparados para dar as indicações e o aconselhamento necessário", disse, realçando a importância "da fidedignidade e transparência da informação e das recomendações para que uma pessoa" não deva fazer aplicações que vão para além da sua capacidade de assumir risco.
Por outro lado, Faria de Oliveira considera "evidente a necessidade de preparar as pessoas" para as decisões que tomam a nível da utilização do dinheiro, quer aplicação de poupanças quer necessidades de crédito.
"Os bancos estão a realizar ações muito profundas no sentido de contribuírem para este projeto de literacia e educação financeira dos cidadãos. A formação financeira deve começar nas escolas, mas deve atingir os vários estratos etários da sociedade e vários públicos--alvo", afirmou, acrescentando que "este é um trabalho de gerações".
Na sua intervenção na conferência sobre a educação financeira, o vice-governador do Banco de Portugal, Pedro Duarte Neves, aludiu ao inquérito à literacia da população portuguesa que o supervisor bancário conduziu e cujos resultados foram apresentados em 2011, sublinhando que "na avaliação e seleção dos produtos financeiros, mais de metade dos inquiridos indicou seguir o aconselhamento ao balcão", deixando um recado: "É importante termos presente que esta realidade constitui uma responsabilidade especialmente importante para o sistema bancário na comercialização de produtos na sua rede de retalho".
Por sua vez, o presidente executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), José de Matos, baseou-se em estudos para afirmar que nos últimos anos os níveis de iliteracia financeira foram "significativos" e reforçou que "os cidadãos sentem dificuldades em perceber conceitos financeiros básicos e em fazer as escolhas financeiras adequadas à sua situação", uma realidade que diz ser comum quer em Portugal quer na Europa.
"Há muita gente que não lê os papéis que assina e nos papéis que assina na maior parte dos casos os riscos principais devem estar mencionados. O conhecimento das características dos produtos, das condições e dos riscos desses produtos é um fator que contribui para reforçar a confiança nos mercados financeiros. É bom para os consumidores e fornecedores de serviços financeiros, nomeadamente como os bancos", disse.